
Rio Cintra (Pedras Grandes)
O Rio Cintra está localizado no município de Pedras Grandes, no sul de Santa Catarina, e se refere a uma Estrada Geral que será pavimentada para conectar Azambuja à cidade de Treze de Maio. Essa área, como a própria cidade de Pedras Grandes, possui grande importância histórica e turística, com forte ligação à colonização italiana.
Localização e Importância:
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Pedras Grandes: O município está situado no Vale de Tubarão e parte de sua área fica à margem do Rio Tubarão.
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Rio Cintra: O nome "Rio Cintra" não se refere a um rio, mas sim a uma estrada rural localizada em Pedras Grandes.
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Pavimentação: Em outubro de 2025, foi aberta a licitação para a pavimentação asfáltica dessa estrada geral, conhecida como Estrada Geral Rio Cintra.
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Desenvolvimento: A pavimentação desta estrada é considerada uma obra estratégica para o desenvolvimento de Pedras Grandes, visando melhorar a mobilidade, segurança, oportunidades para o turismo e a economia local.
Contexto da Região:
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Colônia Azambuja: Pedras Grandes é o berço da colonização italiana em Santa Catarina, com o distrito de Azambuja preservando belas casas antigas.
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Atrativos Turísticos: O município abriga a Casa dos Arcos, a estação ferroviária com a locomotiva restaurada e a Praça da Cidade com esculturas de peças da antiga ponte Elo Luz.
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Cultura e Economia: A região possui uma forte conexão com as tradições italianas, sendo que a agricultura é a principal atividade econômica do município.
História da Colonização Italiana na Comunidade de Rio Cintra – Pedras Grandes (SC)
(por Júlio Cancellier)
A comunidade de Rio Cintra, localizada no atual município de Pedras Grandes, foi uma das primeiras localidades colonizadas por imigrantes italianos na então Colônia de Azambuja, no sul de Santa Catarina. A sua história se entrelaça diretamente à da primeira leva de imigrantes que chegou no dia 28 de abril de 1877, vindos no navio Rivadavia, trazendo famílias do norte da Itália em busca de novas oportunidades nas terras do Império do Brasil.
As origens dos colonos
Os imigrantes que se estabeleceram primeiramente em Rio Cintra provinham majoritariamente das regiões do Vêneto (85), Lombardia (27) e Trentino-Alto Adige (2) — áreas que, à época, viviam profundas transformações econômicas, com escassez de terras e consequências das guerras pela unificação italiana.
Eles pertenciam às províncias de Treviso (60), Mantova (21), Verona (20), Cremona (6), Vicenza (2), Belluno (2), Trento (2) e Veneza (1), e vieram de pequenos comunes que hoje fazem parte da paisagem histórica do Vêneto e da Lombardia: Farra di Soligo, Fonte, Gazzuolo, Ronco all’Adige, Miane, Povegliano, Arcole, Belfiore, Motta Baluffi, Castelfranco Veneto, Asolo, entre outros.
Esses nomes ressoam ainda hoje na memória das famílias e nas tradições que sobreviveram ao longo das gerações.
A chegada e o assentamento
A primeira leva de imigrantes italianos destinada à Colônia de Azambuja chegou em 1877, vinda do Porto de Le Havre, a bordo do navio Rivadavia. Depois de dias de viagem pelo mar, em grandes canoas pelo rio Tubarão e carros de boi, os colonos foram conduzidos até a sede da Colônia e posteriormente encaminhados até os lotes com terras férteis e cobertas por mata nativa onde hoje se encontra Rio Cintra.
Outros grupos vieram nos anos seguintes em diferentes vapores, reforçando a ocupação e ampliando as fronteiras agrícolas da colônia. As famílias receberam lotes de terra medindo cerca de 25 hectares, demarcados entre os vales e encostas próximas ao rio que deu nome à localidade.
As famílias pioneiras
A comunidade foi formada inicialmente por 52 famílias, totalizando 122 imigrantes, entre homens, mulheres e crianças. Entre elas destacam-se sobrenomes que ainda hoje se encontram na região:
ARALDI, BALZANELLI, BARDINI, BERLANDA, BERTOTTI, BROLESE, BRULERA, BRUNEL, BURATO, CARRARA, CARTELLI, CIPRIANI, COMIN, CORADINI, DE BIASI, DE FAVERI, DE PIERI, FABIAN, FAVARIN, FERRI, FORNASA, FRANCESCONI, FURGHESTI, GRASSI, GUAREZZI, LODI, LONGO, MAGAGNIN, MANARIN, MANGEROT, MARGOTTO, MINATTO, MIROSI, MODOLON, MUSSOI, NANDI, PAGNOSSIN, PASINI, PELLIZER, PIAN, PIAZZA, POPINI, QUIN, SAFANELLA, SIMONI, TANQUELA, TOTTI, TURAZZI, VIAL, VIGARANI e ZANELLA.
Entre os pioneiros, algumas famílias se destacaram pela liderança comunitária e religiosa, pela habilidade na agricultura ou pela formação de extensas redes familiares que se espalharam por Pedras Grandes e todo o Sul catarinense.
A família Minatto, por exemplo, é lembrada pela força de trabalho e pela contribuição à construção da capela local; os Bardini e Carrara pela hospitalidade e apoio aos recém-chegados; e os Margotto, De Pieri e Francesconi pela dedicação à viticultura e à produção artesanal de vinho e alimentos.
A vida na nova terra
A vida em Rio Cintra foi marcada por muito esforço. Os colonos tiveram de abrir picadas na mata, construir suas casas com madeira retirada do entorno e iniciar o cultivo de milho, trigo, videiras, feijão e batata. O isolamento era grande, e o transporte de produtos até os centros vizinhos — como Azambuja e Urussanga — exigia longas caminhadas ou o uso de carroças em estradas precárias.
A fé foi um elemento central. Logo nos primeiros anos foi erguida uma capela, que se tornou o centro da vida social e espiritual da comunidade. Em torno dela se reuniam as famílias para as missas, festas religiosas, casamentos e batizados, mantendo vivas as tradições trazidas da Itália.
Legado e identidade
Com o passar das décadas, Rio Cintra consolidou-se como uma das comunidades mais tradicionais de Pedras Grandes, mantendo até hoje traços da cultura italiana em seus costumes, culinária, sotaque e sobrenomes.
Os descendentes daqueles 122 imigrantes continuam a cultivar o amor pela terra e pela família — valores transmitidos pelos antepassados que, com coragem e esperança, cruzaram o oceano em busca de um futuro melhor.
Mais do que uma história local, a saga de Rio Cintra é parte viva da epopeia da imigração italiana em Santa Catarina, que completará 150 anos em 2027, e que moldou a paisagem humana, cultural e econômica de todo o sul catarinense.
IMIGRANTES ITALIANOS QUE SE ESTABELECERAM NO RIO CINTRA 1.ARALDI BERTOTTI Maria Catterina 2.ARALDI Catterina 3.ARALDI Matilde 4.ARALDI Pietro 5.BALZANELLI Amadio 6.BALZANELLI Francesco 7.BALZANELLI Margherita 8.BALZANELLI PIAZZA Lucilla 9.BARDINI Antonio 10.BARDINI Catterina 11.BARDINI Domenico 12.BARDINI FOLCHINI Ana Maria 13.BARDINI Giacomo 14.BARDINI Giovanni Maria 15.BARDINI Maria 16.BARDINI Silvestro 17.BERLANDA Antonio 18.BERLANDA Giuseppe Ignazio 19.BONOTTO CORADINI Erminia 20.BROLESE Angela 21.BROLESE Angelo 22.BROLESE Giuseppe 23.BROLESE Luigi 24.BROLESE Maria 25.BRULERA Angelo 26.BRUNEL Santo 27.BURATO Angelo 28.BURATO Silvio 29.CARRARA Angelo 30.CARRARA BARDINI Clara 31.CARRARA Carlo 32.CARRARA Luigia 33.CARRARA Rosa 34.CARRARA Vittoria 35.CARTELLI Antonio 36.CARTELLI Cleonice 37.CIPRIANI Angelo 38.CIPRIANI Domenico 39.CIPRIANI Elisabeta 40.COMIN BROLESE Maria Maddalena 41.CORADINI Assunta 42.CORADINI Luigi 43.CORADINI Luigia 44.CORADINI Simone Luigi 45.DE BIASI Candido 46.DE BIASI Elias 47.DE FAVERI Gregorio 48.DE FAVERI Pietro 49.DE PIERI Alessandro 50.DE PIERI Antônio 51.DE PIERI Elena 52.DE PIERI FRANCESCONI Elena 53.DE PIERI Giovanni 54.DE PIERI Luigi Venancio 55.DE PIERI Luigia 56.DE PIERI Pietro 57.DE PIERI Silvio 58.DE PIERI Tommaso 59.FABIAN MARGOTTO Lucia 60.FAVARIN DE BIASI Santa 61.FERRARI CIPRIANI Francesca 62.FERRI CARTELLI Candida 63.FORNASA Luigi 64.FRANCESCONI Carlo 65.FRANCESCONI Domenico 66.FRANCESCONI Guglielmo 67.FRANCESCONI Luigia 68.GRASSI Angelo 69.GRASSI Cesira 70.GRASSI Francesco 71.GRASSI Giacomo 72.GRASSI Giuseppe 73.GRASSI Luigia 74.GUAREZZI Michele Ernesto 75.LODI ARALDI Maria 76.LONGO BURATO Candida 77.MAGAGNIN Giovanni 78.MANARIN (Mangioni) Felice “Scussel” 79.MANGEROT Teodoro 80.MARGOTTO Agostino 81.MARGOTTO Ambrosio 82.MARGOTTO Banjamin 83.MARGOTTO BERLANDA Luigia 84.MARGOTTO Domenico 85.MARGOTTO Luigi 86.MARGOTTO Luigia 87.MARGOTTO Teresina 88.MINATTO Abramo 89.MINATTO Agostino Guerino 90.MINATTO Angelo 91.MINATTO BARDINI Cristina 92.MINATTO Cristiano 93.MINATTO Davide 94.MINATTO DE BIASI Brigida 95.MINATTO Federico Andrea 96.MINATTO FURGHESTI Angelica 97.MINATTO Giacobbe Abele 98.MINATTO Guerino 99.MINATTO Leandro 100.MINATTO Leandro Francesco 101.MINATTO PELLIZER Maria Tereza 102.MIROSI Davi 103.MODOLON Batista 104.MUSSOI Francesco Felippe 105.NANDI Antonio 106.NANDI Ferdinando 107.NANDI Luigi 108.NANDI Vittorio 109.PAGNOSSIN BARDINI Anna 110.PASINI ARALDI Maria Luigia Lodi 111.PIAN NANDI Veronica 112.POPINI MARGOTTO Rosa 113.QUIN GRASSI Francesca 114.SAFANELLA CARRARA Regina 115.SIMONI Antonio 116.TANQUELA Benjamin 117.TOTTI MARGOTTO Luigia 118.TURAZZI GiovannI 119.TURAZZI Lucia 120.VIAL MINATTO Candida 121.VIGARANI Giuseppe 122.ZANELLA Luigi
