
Rio Maior (Urussanga)
O Vale do Rio Maior é uma localidade de Urussanga, em Santa Catarina. A região, situada no norte do município, é conhecida por seu turismo rural e pelas belezas naturais, que incluem o rio Maior.
Destaques do Vale do Rio Maior:
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Turismo rural: O local oferece experiências de agroturismo, com propriedades que preservam a cultura italiana, trazida pelos imigrantes que colonizaram a região.
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Belezas naturais: Além do rio que dá nome ao vale, a área conta com paisagens propícias para o ecoturismo e atividades ao ar livre.
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Patrimônio histórico e cultural: Casas antigas e restauradas dos primeiros imigrantes preservam a história da região que está ligada à colonização italiana e à mineração de carvão, que moldaram o desenvolvimento da área e da própria cidade de Urussanga.
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Igreja São Gervásio e Protásio – Rio Maior: Inaugurada em 1912 e tombada pelo IPHAN em 2001, a igreja foi construída em pedra de arenito pelos imigrantes italianos, sendo a única do gênero em cantaria de pedra no Estado de Santa Catarina. A igreja preserva todos os detalhes; os ladrilhos de cimento pintados no chão, os bancos e as portas de cedro. Possui torre com campanário isolado, possui fachada principal com porta central de verga reta. Fica 6 km ao norte da cidade de Urussanga, rumo a Orleans, às margens da rodovia SC-108.
A colonização italiana no Vale do Rio Maior (Urussanga)
(por Júlio Cancellier)
A história da localidade de Rio Maior, no município de Urussanga (Santa Catarina), está intimamente ligada à chegada das famílias italianas que, a partir de 1878, cruzaram o Atlântico em busca de uma nova vida. Vindos principalmente das montanhas do Vêneto e do Friuli Venezia Giulia, esses imigrantes deixaram para trás vilas como Erto e Casso, Longarone, Castelavazzo, Claut, Forno di Zoldo, Miane, Montebelluna, Volpago del Montello e outras pequenas comunidades das províncias de Belluno, Pordenone, Treviso, Udine e Verona — todas ao norte da Itália.
As origens e a partida
O final do século XIX foi um período de intensas dificuldades no norte italiano. A região do Vêneto e do Friuli sofria com a pobreza rural, a fragmentação das terras, os efeitos da unificação italiana e o peso dos impostos. Muitos camponeses, habituados ao trabalho árduo nas encostas dos Alpes e Dolomitas, foram atraídos pelas promessas do governo brasileiro de terras férteis e oportunidades.
As famílias embarcaram em portos como Gênova e Le Havre, seguindo em longas viagens até o porto de Desterro (atual Florianópolis) e, em seguida, até Laguna. De lá, subiram a pé e em carretas rumo às terras do núcleo Urussanga da Colônia Azambuja, aberto oficialmente em 1878. O núcleo do Rio Maior foi um dos primeiros e mais expressivos desses assentamentos.
A fundação de Rio Maior
O núcleo colonial do Rio Maior foi formado por 186 imigrantes, organizados em 48 famílias. Essas famílias foram instaladas em lotes demarcados ao longo do rio que deu nome à localidade — um curso d’água de correnteza forte e margens férteis, cercado por mata densa e relevo acidentado.
Entre os primeiros colonos destacaram-se famílias como BARZAN, BORTOLUZZI, BRATTI, COLOTTO, DE BETTIO, DE BONA, DE LORENZI, DE ZAN, DINON, DONADEL, FELTRIN, FONTANELLA, GIORDANI, MANARIN, MAZZUCCO, PILLON, PIUCCO, TEZZA e ZAPELLINI, entre outras. Muitas delas vieram de vilarejos próximos, formando verdadeiros clãs familiares, o que facilitou a adaptação e a preservação das tradições italianas.
Laços de sangue e de trabalho
As famílias De Lorenzi (Cancellier, Bocardo, Canever, Frol), Feltrin, Manarin e Mazzuzzo se entrelaçaram por casamentos e parcerias de trabalho, criando uma rede de parentesco que sustentou a comunidade. O sobrenome De Lorenzi, em suas diversas ramificações (como De Lorenzi Cancellier, De Lorenzi Bocardo, De Lorenzi Canever, De Lorenzi Frol), tornou-se um dos mais emblemáticos de Rio Maior, presente em praticamente todos os registros das primeiras décadas da colônia.
Esses imigrantes trouxeram consigo o saber agrícola europeu, o hábito das roças em encostas, a criação de animais e o cultivo da videira. Em poucos anos, transformaram a mata virgem em pequenas propriedades produtivas, baseadas na agricultura familiar e na solidariedade comunitária. A produção de milho, feijão, trigo e uva sustentava a alimentação e permitia trocas com outras comunidades.
Fé e comunidade
Logo após a instalação, os colonos ergueram um pequeno oratório de madeira, símbolo da fé católica que os acompanhou desde a Itália. A devoção a santos como São Gervasio e Protásio, era forte e se manifestava nas festas religiosas e nas promessas de proteção contra doenças e intempéries, inclusive na construção de uma igreja de Pedra no Rio Maior, devotada aos dois santos.
As casas de madeira serrada à mão, com telhados de tabuinhas e paredes de tábuas encaixadas, tornaram-se o cenário do cotidiano. As famílias se reuniam aos domingos, falavam o dialeto vêneto e friulano, e mantinham tradições culinárias como a polenta e radici, o salame caseiro e o vinho do tonel.
Dificuldades e superação
Os primeiros anos foram marcados por sacrifício e isolamento. O caminho até Urussanga era precário, e as comunicações com Laguna — o principal ponto de comércio — exigiam dias de viagem. Doenças tropicais, acidentes e a falta de assistência médica causaram muitas perdas. Ainda assim, a coesão familiar e o espírito de trabalho permitiram a consolidação do núcleo.
A partir das décadas seguintes, as famílias começaram a se expandir para outras localidades, dando origem a novas comunidades — como Rio Carvão, Palmeira do Meio, Palmeira Alta, Rio América e Rio Caeté. Mesmo distantes, mantinham os vínculos originais e os laços de sangue do Rio Maior.
Legado e descendência
Hoje, as descendências dos 186 imigrantes de Rio Maior estão espalhadas por toda a região de Urussanga, Cocal do Sul,Criciúma, Tubarão, Orleans, Pedras Grandes, Treviso, Siderópolis, Nova Veneza e Florianópolis. Sobrenomes como De Lorenzi, Mazzuzzo, Feltrin, Fontanella, Manarin, Tezza, Pillon, Piuzzo e Barzan continuam presentes na vida econômica, social e cultural do Sul Catarinense.
Essas famílias deixaram um legado de trabalho, fé e identidade italiana que se manifesta até hoje nas festas típicas, nas cantinas, na música e na língua herdada de seus antepassados — o dialeto vêneto, ainda ouvido em muitas casas de Urussanga.
Conclusão
A epopeia dos imigrantes italianos do Rio Maior é parte essencial da história da colonização italiana em Santa Catarina. Vindos das montanhas frias do norte da Itália, enfrentaram a mata, o isolamento e as adversidades com coragem e esperança. Construíram uma nova pátria em terras brasileiras, fincando raízes profundas que continuam a florescer quase de 145 anos depois.
IMIGRANTES ITALIANOS QUE SE ESTABELECERAM NO RIO MAIOR 1.BARZAN DE LORENZI BOCARDO Giovanna 2.BARZAN Eugenio 3.BARZAN Felice (Bacelo) 4.BARZAN Francesco (Cassó) 5.BARZAN Giacomo (Cassó) 6.BARZAN GIORDANI Giovanna 7.BARZAN Ignazio (Cassó) 8.BARZAN MAZZUCCO Antonia 9.BARZAN MAZZUCCO Maria 10.BARZAN MAZZUCCO Valentina 11.BORTOLUZZI Gervasio 12.BRATTI DE CESARO Luigia 13.BRATTI FONTANELLA Giacomina 14.COLOTTO PILLON Angela 15.DAL MOLIN TEZZA Vittoria 16.DAMIAN PREVE Giacoma 17.DE BETTIO Giacomo 18.DE BETTIO Giovanni 19.DE BONA SARTOR Giovanni 20.DE BONA SARTOR Giuseppe 21.DE BONA SARTOR Luigi 22.DE BONA SARTOR Matteo 23.DE BONA Ventura 24.DE LORENZI Antonia 25.DE LORENZI Antonio Francesco 26.DE LORENZI BOCARDO Agostino 27.DE LORENZI CANCELLIER Antonio 28.DE LORENZI CANCELLIER Felice 29.DE LORENZI CANCELLIER FELTRIN Paolina 30.DE LORENZI CANCELLIER Francesco 31.DE LORENZI CANCELLIER Gaetano 32.DE LORENZI CANCELLIER Giovanna BOCARDO 33.DE LORENZI CANCELLIER Giovanni 34.DE LORENZI CANCELLIER Giovanni Maria 35.DE LORENZI CANCELLIER Olivo 36.DE LORENZI CANCELLIER Osvaldo 37.DE LORENZI CANCELLIER TEZZA Victoria 38.DE LORENZI CANCELLIER ZAPELLINI Regina 39.DE LORENZI CANEVER Antonio 40.DE LORENZI CANEVER Francesco 41.DE LORENZI CANEVER Gervasio 42.DE LORENZI CANEVER Giovanni 43.DE LORENZI CANEVER MANARIN Fiorenza 44.DE LORENZI CANEVER MAZZUCCO Maria 45.DE LORENZI DINON BARZAN Marina 46.DE LORENZI DINON Bernardo 47.DE LORENZI DINON CANCELIER Giácoma 48.DE LORENZI DINON CANCELLIER Maria 49.DE LORENZI DINON Felice 50.DE LORENZI DINON Santa 51.DE LORENZI FROL Antonio 52.DE LORENZI FROL CANEVER Antonia 53.DE LORENZI FROL Giovanni 54.DE NEZ MANARIN Angelica 55.DE NEZ Pietro 56.DE ZAN Antonio 57.DE ZAN Arcavio 58.DE ZAN Domenico Antonio 59.DINON MANARIN Fiorenza 60.DONADEL Luigi 61.FABRO Battista 62.FABRO Giuseppe 63.FABRO Valentino 64.FELTRIN Antonio 65.FELTRIN Bortolo 66.FELTRIN DE LORENZI CANEVER Caterina 67.FELTRIN DE LORENZI FROL Maria 68.FELTRIN DE MATTIA Caterina 69.FELTRIN Domenico 70.FELTRIN Felippe 71.FELTRIN Gaetano 72.FELTRIN Giacomo 73.FELTRIN TEZZA Maria 74.FILIPPINI BARZAN Fiorinda 75.FONTANELLA Angelo 76.FONTANELLA DAMIANI Lucia 77.FONTANELLA Giovanni 78.FONTANELLA Natale 79.FONTANELLA Paolo 80.FONTANELLA TEZZA Apollonia 81.FONTANELLA TEZZA Giovanna 82.FONTANELLA TEZZA Maria 83.FUGA Maria 84.GHISI Bortolo 85.GIORDANI Angelo 86.GIORDANI Maria 87.GIORDANI Stefano 88.GIUSTI Antonia 89.GIUSTI FAVARO Antonia 90.MACELLE Francesco 91.MANARIN (Bucchio) Giacomo 92.MANARIN (Bucchio) Giovanni 93.MANARIN (Bucchio) Madalena 94.MANARIN (Bucchio) Antonio 95.MANARIN (Bucchio) Domenica 96.MANARIN (Bucchio) MAZZUCCO Luigia 97.MANARIN (Buchio) DE LORENZI CANCELLIER Giacoma 98.MANARIN (Buchio) Giacomo 99.MANARIN DE LORENZI CANEVER Domenica 100.MANARIN DE LORENZI CANEVER Fiorenza 101.MANARIN DE LORENZI DINON Maria 102.MANARIN DE LORENZI DINON Pascoa 103.MANARIN DE LORENZI FROL Maria 104.MAZZUCCO (Baco) Bernardo 105.MAZZUCCO (Baco) Eva 106.MAZZUCCO (Baco) Giacomo 107.MAZZUCCO (Baco) Gioachino 108.MAZZUCCO (Baco) Giuseppe 109.MAZZUCCO (Baco) Lino 110.MAZZUCCO (Baco) Luiggi 111.MAZZUCCO (Baco) Madalena 112.MAZZUCCO (Baco) Mariano 113.MAZZUCCO (Mênego) Benjamino 114.MAZZUCCO (Menêgo) Ermínia 115.MAZZUCCO (Mênego) Eugênio 116.MAZZUCCO (Mênego) Giácomo 117.MAZZUCCO (Menêgo) Maria 118.MAZZUCCO (Menêgo) Osvalda 119.MAZZUCCO (Tonin) Agostino 120.MAZZUCCO (Tonin) Antonio 121.MAZZUCCO (Tonin) BARZAN Valentina 122.MAZZUCCO (Tonin) Beniamino 123.MAZZUCCO (Tonin) Carlo 124.MAZZUCCO (Tonin) DE LORENZI CANCELLIER Francesca 125.MAZZUCCO (Tonin) Eugenio 126.MAZZUCCO (Tonin) Francesco 127.MAZZUCCO (Tonin) Giovanni 128.MAZZUCCO (Tonin) Giovanni Maria 129.MAZZUCCO (Tonin) Ignazio 130.MAZZUCCO (Tonin) Izabela 131.MAZZUCCO (Tonin) MANARIN Izena 132.MAZZUCCO (Tonin) Marco 133.MAZZUCCO (Tonin) Massimiliano 134.MAZZUCCO (Tonin) Osvalda 135.MAZZUCCO (Tonin) Osvalda 136.MAZZUCCO (Tonin) Vicenzo 137.MAZZUCCO Antonia 138.MAZZUCCO BARZAN Isabella 139.MAZZUCCO Caterina 140.MAZZUCCO DE LORENZI CANCELLIER Angelica 141.MAZZUCCO DE LORENZI CANCELLIER Domenica 142.MAZZUCCO DE LORENZI CANCELLIER Veneranda 143.MAZZUCCO DE LORENZI CANEVER Domênica 144.MAZZUCCO DE LORENZI DINON Brigida 145.MAZZUCCO Giovanni 146.MAZZUCCO LAZZARIN Elisabetta 147.MAZZUCCO MANARIN Elisena 148.MAZZUCCO MANARIN Maddalena 149.MAZZUCCO Ottavio 150.MAZZUCCO TEZZA Maria 151.MAZZUCCO Valentino 152.MICHELIN DE BONA SARTOR Oliva 153.MIOT Antonio 154.MIOT PILON Anna 155.NETTO MAZZUCCO Anna 156.OLIVIER Cesare 157.OLIVIER Luigia 158.OLIVIER Ugo 159.PAGOS DONADEL Angela 160.PATEL MAZZUCCO Maria 161.PERUCHI FELTRIN Catarina 162.PILLON Anneta 163.PILLON Catarina 164.PILLON Felice 165.PILLON Francesca 166.PILLON Giacomo 167.PILLON Nicoló 168.PILLON Stefano Eugênio 169.PILLON Valentino 170.PIUCCO Andrea 171.PIUCCO Gaetano 172.PIUCCO Giuseppe 173.PIUCCO Luigi 174.PIUCCO TEZZA Rachele 175.SACHETTI (Stchono) Antonio 176.SAVI Lorenzo 177.TAVAN MAZZUCCO Anna 178.TAVANI Paula 179.TEZZA Andrea 180.TEZZA Ângelo 181.TEZZA FONTANELLA Catharina 182.TEZZA Giacomo 183.TEZZA Giovanni (Sé) 184.TEZZA Luigi 185.TEZZA Pietro (Sé) 186.TEZZA SAVI Maria
