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A História das Famílias Italianas de Ribeirão d’Areia — Pedras Grandes (SC)

Residência de IMPILIO NIERO na localidade de Ribeirão D'Areia | Restauração de Roque Salvan
Residência de IMPILIO NIERO na localidade de Ribeirão D'Areia | Restauração de Roque Salvan


A partir de 1877, o vale fértil de Ribeirão d’Areia, então parte das terras do município de Tubarão, começava a receber um grupo de 66 imigrantes italianos, vindos de diferentes comunas do Vêneto, norte da Itália — especialmente de Forno di Zoldo (Belluno), Mirano, Salzano, Santa Maria di Sala e Stigliano (Veneza), Padova (Padova), Ponzano Veneto e Povegliano (Treviso.


Essas famílias deixaram para trás a penúria e a instabilidade política do período pós-unificação italiana, movidas pela esperança de prosperidade e terra própria, um sonho que lhes fora negado na Europa.


O início de uma nova vida


Após uma longa travessia marítima, os imigrantes desembarcaram no porto de Desterro (atual Florianópolis) e seguiram por via terrestre e fluvial até a região do Rio Tubarão, alcançando o interior de Pedras Grandes. O núcleo de Ribeirão d’Areia foi formado em meio a uma densa mata subtropical, de onde tiveram de abrir clareiras com o machado e o arado, construindo casas de madeira e capelas de oração.


A convivência entre as famílias — Ancelota, Bertan, Bortolatto, Calzavaro, De Gaspari, Favaron, Gatto, Meneghel, Milon, Minatto, Montini, Muffatto, Nandi, Niero, Paggiano, Pizzato, Pravato, Ruffato, Saccon, Salvan, Soratto e Zanfieri — foi marcada por forte solidariedade. Unidos pelo idioma, pela fé e pelas tradições, esses imigrantes compartilharam o mesmo destino e construíram uma comunidade exemplar de trabalho e fraternidade.


Famílias fundadoras e descendências


Cada sobrenome representa um tronco familiar que contribuiu para moldar a identidade cultural e econômica de Ribeirão d’Areia:


Os Ancelota, como Antonio, Giovanni e Regina, destacaram-se na lavoura e na construção das primeiras moradias.


Os Bertan, representados por Giordano, Iza e Rosa, uniram-se por matrimônio a outras famílias locais, consolidando laços comunitários.


Os Bortolatto, numerosos, com Antonio, Benedetto, Francesco, Giovanni, Luigi e Ricardo, figuram entre os mais antigos colonos a se fixarem em Pedras Grandes.


Os Muffatto, liderados por Antonio, Giacomo e Giordano, foram responsáveis por difundir práticas agrícolas e ofícios trazidos de Belluno.


Os Nandi e os Saccon, famílias extensas, integraram-se profundamente ao cotidiano religioso e econômico local, originando descendências numerosas.


Os Soratto, Salvan, Favaron e Pizzato mantiveram viva a tradição vinícola e a cultura do trigo, do milho e da uva, elementos centrais da dieta e das festividades italianas.


Os Niero, Meneghel e Pravato trouxeram consigo o espírito comunitário do Vêneto, ajudando na fundação das primeiras capelas e escolas.


Entrelaçadas por laços de parentesco e compadrio, essas famílias constituíram uma rede de ajuda mútua que sustentou a comunidade por gerações.


Fé, cultura e identidade


A religião católica foi o eixo de coesão cultural e espiritual dos colonos. As primeiras missas foram realizadas em casas de família, até que se erguesse uma pequena capela dedicada a A religião católica foi o eixo de coesão cultural e espiritual dos colonos. As primeiras missas foram realizadas em casas de família, até que se erguesse uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora  Consolata - “Nossa Senhora do Consolo”.


As festas de colheita, o canto coral, a gastronomia baseada na polenta, vinho e salames artesanais, e a língua vêneta falada no cotidiano, mantiveram viva a herança italiana que, até hoje, ecoa nas tradições da localidade.


O legado


O núcleo de Ribeirão d’Areia, originado em 1877, tornou-se um dos mais importantes pontos de colonização italiana no atual município de Pedras Grandes.

Dessa pequena comunidade, partiram descendentes que se estabeleceram em diversas regiões do sul de Santa Catarina, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do Vale do Tubarão.


Mais do que números, os 66 imigrantes representam um capítulo de coragem e esperança. Suas histórias de trabalho, fé e família formam o alicerce da identidade ítalo-brasileira de Pedras Grandes — um legado que perdura há quase 150 anos.

 
 
 

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