História da Família Zanella – Pioneiros da Colônia Azambuja (1877)
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A Família Zanella faz parte do grupo de imigrantes italianos pioneiros que desembarcaram no Brasil em 28 de abril de 1877, a bordo do vapor Rivadavia, e posteriormente nos vapores Henri IV, Bourgogne e La France, dando início à colonização italiana em Santa Catarina.
Oriundos principalmente das províncias de Treviso, Verona, Padova e Mantova, no norte da Itália, os diversos ramos dos Zanella estabeleceram-se em diferentes núcleos da Colônia Azambuja, formando três troncos familiares principais: São João (Pedras Grandes), Armazém (Urussanga) e Rio América (Urussanga).
TRONCO 1 – São João (Pedras Grandes)
O primeiro núcleo dos Zanella a fixar-se no Brasil teve como matriarca Lucia Pavan Zanella, nascida em 1827 em Treviso (Vêneto). Com 50 anos, ela chegou ao porto do Rio de Janeiro no vapor Rivadavia, acompanhada de filhos e parentes. O grupo seguiu viagem até a região de Azambuja, onde foi designado lote na localidade de São João, atual município de Pedras Grandes — um dos primeiros núcleos de povoamento da colônia.
Lucia, viúva e de espírito resiliente, foi símbolo da força feminina na adaptação às terras catarinenses, ajudando a erguer a capela, abrir roçados e reconstruir a vida numa terra desconhecida.
Filhos de Lucia Pavan Zanella
Carlo Luigi Zanella (1852, Villanova/Padova) – Tinha 24 anos ao chegar ao Brasil. Agricultor e colono exemplar, participou ativamente da organização das primeiras linhas coloniais em São João. Casou-se com Clementina Perdona Zanella (1859, Belfiore/Verona), também passageira do Rivadavia. O casal fundou uma das famílias mais antigas e numerosas da comunidade.
Maria Zanella Turozzi (1859, Belfiore/Verona) – Casou-se com Giovanni Turozzi, também imigrante veronês, unindo duas famílias pioneiras da colônia.
Giuseppe Zanella (1860, Belfiore/Verona) – Jovem agricultor de 22 anos à chegada, colaborou na abertura das primeiras estradas e na construção de pontes e canais que ligavam São João à sede da Colônia Azambuja.
Luigi Zanella (1863, San Bonifacio/Verona) – Aos 14 anos, foi um dos jovens que cresceram junto ao esforço coletivo de colonização. Casou-se no Brasil com Maria Balzanelli, fortalecendo os laços entre famílias veronesas estabelecidas em Pedras Grandes.
A descendência deste tronco contribuiu para o desenvolvimento econômico e social de São João, destacando-se na agricultura, no comércio e na vida religiosa local. A capela e as festividades de São João Batista guardam até hoje a memória dos primeiros Zanella.

TRONCO 2 – Armazém (Urussanga)
Outro ramo da família tem origem em Ferdinando Zanella, nascido em 1843 em San Benedetto Po, província de Mantova (Lombardia). Ele desembarcou no Brasil em 22 de outubro de 1877, vindo no vapor Henri IV, acompanhado da esposa Carolina Carboni Zanella e dos filhos pequenos. O casal se fixou inicialmente em Armazém, pertencente à Colônia Azambuja.
Ferdinando representou o perfil do colono lombardo: disciplinado, religioso e trabalhador. Sua família ajudou a fundar as primeiras capelas e estradas entre Armazém e Rio Pequeno, estabelecendo relações com outros imigrantes vindos de Mantova e Verona.

Filhos de Ferdinando Zanella e Carolina Carboni
Narciso Zanella (1874, San Benedetto Po) – Veio com 3 anos. Tornou-se agricultor em Armazém, participando das primeiras associações comunitárias.
Giuseppe Zanella (1876, San Benedetto Po) – Casou-se no Brasil com Arminda José Coelho, unindo tradições italianas e luso-brasileiras. Sua descendência foi uma das primeiras famílias mistas da região, sinal do processo de integração cultural.
Dirce Zanella Grassi (1874, San Benedetto Po) – Casou-se com Angelo Grassi, também imigrante italiano, fixando-se em Armazém e contribuindo para a formação de uma das famílias mais conhecidas da localidade.
Ainda neste tronco figuram irmãos de Ferdinando, vindos de Mantova:
Quintilio Zanella (1867) – Filho de Giuseppe Zanella, chegou também no vapor Henri IV. Casou-se no Brasil com Antonia Maria Gnecco Zanella, estabelecendo raízes sólidas em Urussanga.
Virgínia Zanella Comelli (1850) – Casou-se na Itália com Ricardo Comelli, imigrando igualmente para Urussanga.
Carolina Zanella Cavagnoli (1854) – Desembarcou em 1881, no vapor Bourgogne, com o marido Pietro Cavagnoli, estabelecendo-se em Treviso (Nova Veneza), onde também deixaram numerosa descendência.

O tronco lombardo dos Zanella espalhou-se por diversas localidades — Armazém, Urussanga, Rio Pequeno e Nova Veneza — tornando-se referência na formação da sociedade ítalo-brasileira regional.
TRONCO 3 – Rio América, Urussanga
O terceiro ramo, proveniente de S. Piolo di Piave (Treviso), teve como ancestral Antonia Zanella Maccari, nascida em 1855. Chegou ao Brasil em 1879, no vapor La France, com o marido Pietro Paolo Maccari. O casal estabeleceu-se na região de Rio América, Urussanga, dedicando-se à viticultura e à produção de alimentos.
O tronco Zanella-Maccari representa a continuidade da presença da família na Colônia Azambuja, agora expandida para novos núcleos agrícolas fundados a partir dos primeiros lotes coloniais.
Legado
A Família Zanella está entre as mais antigas e ramificadas da imigração italiana no sul de Santa Catarina. Seus membros participaram da fundação das comunidades de São João (Pedras Grandes), Armazém, Urussanga e Nova Veneza, deixando marcas na cultura, na fé e no trabalho.
Do cultivo das primeiras parreiras e plantações de milho às festas religiosas e associações comunitárias, os Zanella ajudaram a moldar o caráter laborioso e solidário que define as colônias italianas catarinenses.
Hoje, espalhados por várias cidades do Estado, seus descendentes mantêm viva a memória dos pioneiros que, há quase 150 anos, cruzaram o Atlântico em busca de um novo lar — e encontraram em Santa Catarina um solo fértil para semear esperança e prosperidade.
(por Júlio Cancellier)
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